O fascínio pelas árvores é algo que me encanta desde criança, mas as gigantes são minhas paixões.
Cresci em uma área extremamente preservada de mata fechada e com uma diversidade de plantas, frutas e árvores que me projetaram a cultivar, preservar e pesquisar mais sobre elas.
Com o grande crescimento populacional e o risco de muitas espécies sumirem do nosso cotidiano, nada mais útil e agradável do que conhecer algumas dessas árvores e aprender como preserva-las e por que não cultiva-las?
Hoje vamos falar da Araucária, uma espécie que está em risco extremo de extinção, e uma das árvores mais bonitas do nosso Brasil.
De silhueta esbelta e copa em formato característico , a Araucária Angustifólia, também conhecida popularmente como Araucária, pinheiro-do-Paraná, pinheiro, pinheiro-brasileiro, cori, pinheiro-caiová, entre outros, é uma espécie que pode atingir 50 metros de comprimento e dependendo a idade, mais de 2 metros de diâmetro. Atinge a maturidade entre 10 e 15 anos, e tem vida útil por mais de 200 anos.
Predominante no Brasil, a maior área de preservação desta conífera, se concentra no Paraná , podendo ocorrer de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, e em menor número em países como Argentina e Paraguai.
E quem nunca ouviu falar nas sementes desta árvore, que produz pinhas cheias de pinhão que nos alimenta De Abril até Julho?
O pinhão é utilizado além do consumo humano, em artesanatos e alimento nutritivo aos animais pois é rica em amido e aminoácidos. Podemos citar entre os disseminadores da espécie, gralhas, papagaios, tucanos, macacos…Mas sem dúvidas o maior deles é a Cutia, que tem o costume de enterrar as sementes para comer depois e acaba esquecendo.
Apesar de imaginarmos que o homem seria o responsável lógico pela preservação e manutenção desta árvore, infelizmente foi quem causou sua triste colocação na lista de espécies em perigo crítico, um tipo de código vermelho.
Com o desmatamento, as queimadas e a falta de manejo, hoje em dia só visualizamos uma Araucária, pela TV, fotos ou se dermos a sorte de morar em regiões onde elas ainda persistem.
A conscientização a favor da preservação e reflorestamento da espécie, além de evitar a extinção de muitos animais também irá favorecer outras árvores que direta ou indiretamente dependem dela, como algumas canelas, imbuia e até o xaxim.
Bom, já deu pra conhecer um pouco mais dessa gigante frondosa, que também pode ser usada para ornamentar ambientes. Agora vamos para alguns fatos curiosos e de cunho popular, já que cientificamente ainda não concluíram uma história e padrões para a bela Araucária Angustifólia.
Estou morando a dois anos, em um sítio no Planalto Norte de Santa Catarina, e tenho o prazer de conviver com esta espécie bem de perto, e além de cultivar, plantar e consumir as sementes também descobri algumas formas de uso que nem sempre estão nos papeis.
Suas folhas e galhos secos, que ficam parecendo espinhos, servem para dar um “start” no fogo, aqui usam muito no fogão a lenha e nas churrasqueiras, mas por precaução, usar com moderação, pois o mesmo tem muita resina e pode danificar alguns materiais.
Para uma árvore dar frutos, precisa ter um macho e uma fêmea próximos uma da outra, a diferença na fase adulta se nota pela aparência do casal, o macho sempre “descabelado”, com a ponta dos galhos retas ou caídas pra baixo e sem saber direito por onde levar os galhos, já a fêmea sempre viçosa, galhos harmoniosos e com a copa voltada para cima, esperando para ser polinizada.
A madeira, muito cobiçada para a fabricação de moveis rústicos, também é usada na saúde, o nó do tronco vira remédio na mão de quem conhece suas propriedades.
E quando em fase jovem, é usado em muitas casas, como Pinheirinho de Natal.
Juliana Espindola é Técnica e Gestora Ambiental.
Produtora Rural no Sitio Verde.