Tomar uma xícara de chá pode ser como apertar um botão de pausa: um gesto simples que traz conforto imediato. Quando penso na marcela, lembro de remédios caseiros que passaram de mão em mão — cheiros que guardam histórias e pequenos alívios do dia a dia. Você já se pegou buscando uma infusão esperando resolver dores de estômago ou noites mal dormidas?
Fontes populares e estudos observacionais sugerem que o chá de marcela é usado por até 60% das famílias rurais brasileiras para problemas digestivos, cólicas e insônia; compostos como flavonoides e óleos essenciais podem explicar muito desses efeitos. Dados epidemiológicos e relatos clínicos mostram benefício subjetivo em qualidade do sono e alívio de desconforto gástrico.
Muitos guias se limitam a enumerar “benefícios” sem explicar preparo adequado, dosagem segura ou riscos reais. Receitas caseiras e indicações simplistas levam à confusão — e, em alguns casos, ao uso imprudente por grávidas ou pessoas em uso de medicamentos.
Neste artigo eu trago um caminho diferente: um guia prático e baseado em evidências. Vou explicar o que a marcela é, revisitar benefícios com contexto, mostrar como preparar e dosar corretamente, trazer receitas úteis e listar contraindicações claras para você decidir com segurança se e como incorporar o chá à sua rotina.
O que é marcela: origem, botânica e composição

Marcela é uma planta simples, mas cheia de história. Cresce em pastagens e bordas de estrada no sul da América do Sul e é usada há gerações em chás e remédios caseiros.
Descrição botânica e nomes populares
Achyrocline satureioides é uma herbácea da família Asteraceae que atinge até 1,5 m de altura.
Tem folhas lanceoladas com pelos brancos e flores pequenas e amarelas em capítulos. No Brasil é chamada de macela, macela-do-campo, camomila-do-campo e macelinha. Gosto de imaginar suas flores alinhadas como pequenas bandeirinhas amarelas no campo.
História de uso tradicional no Brasil
Uso tradicional popular associa a marcela a chás para digestão, calma e gripe.
Comunidades rurais colecionam as flores na Páscoa e em festas juninas, acreditando que nesses períodos a planta está mais potente. Relatos locais falam de compressas para dores e travesseiros perfumados. Pesquisas etnobotânicas apontam que sua tradição é forte no Sul do Brasil.
Composição química: flavonoides, óleos essenciais e outros
Flavonoides e óleo essencial são os destaques químicos responsáveis por ações antioxidantes e anti-inflamatórias.
Entre os compostos estão quercetina, luteolina, pineno, limoneno e derivados de fenilpirona. Essas substâncias explicam usos em chás, cosméticos e fitoterápicos. Importante lembrar que a coleta excessiva ameaça populações locais; então, cultivo sustentável faz diferença.
Benefícios comprovados e usos tradicionais
Marcela é uma erva humilde, mas com usos práticos que muitas famílias conhecem. Neste tópico vamos separar o que há de comprovado do que vem da tradição, de forma direta e útil.
Alívio digestivo e ação anti-inflamatória
Alívio digestivo é o uso mais citado: a marcela ajuda gases, cólicas e má digestão.
Estudos e relatos populares apontam que os flavonoides relaxam a musculatura intestinal e reduzem inflamação. Na prática, muitas pessoas tomam uma xícara após refeições pesadas para reduzir desconforto.
Receitas caseiras também usam compressas com infusão para dores locais, mostrando efeito anti-inflamatório tópico.
Efeito calmante, qualidade do sono e redução da ansiedade
Efeito calmante leve ajuda sono e ansiedade moderada.
Componentes como limoneno atuam de forma suave no sistema nervoso. Quem usa relata melhor sono em noites de estresse; a marcela é comparada à camomila em efeito, porém mais leve.
Recomendo tomar a infusão morna antes de dormir — uma xícara cerca de 30 minutos antes pode ajudar sem causar sonolência diurna excessiva.
Apoio ao sistema imunológico e ação antiviral
Ação antiviral e suporte imune vêm dos flavonoides como quercetina.
Pesquisas in vitro indicam atividade contra vírus respiratórios; na prática, o chá é usado para amenizar sintomas de gripe e resfriado. Consumo regular em temporadas frias é uma estratégia tradicional de comunidades rurais.
Lembre que evidências clínicas completas ainda são limitadas; o chá ajuda como suporte, não substitui vacinas ou tratamento médico.
Como preparar, dosagem e receitas práticas

Preparar a marcela é simples, mas alguns detalhes fazem diferença no resultado. Siga passos práticos para preservar aroma e eficácia.
Preparo correto: infusão vs decocção e tempo ideal
Infusão é recomendada para preservar compostos voláteis e o aroma da planta.
Use 1 colher de chá (≈0,5–1,5 g) de flores secas por xícara. Ferva a água, desligue o fogo e despeje sobre a erva.
Deixe tampado em repouso por 10–15 minutos antes de coar. A decocção (ferver por 10–30 minutos) não é indicada para marcela, pois pode degradar óleos essenciais.
Dosagem recomendada e frequência segura
Até 3 xícaras ao dia é a orientação mais citada para adultos.
Cada xícara deve conter cerca de 0,5–1,5 g de flores. Muitos praticantes usam por até 15 dias seguidos e fazem uma pausa de 5 dias antes de retomar.
Observe reações individuais. Consulte um profissional se estiver grávida, amamentando ou em uso de medicamentos.
Receitas práticas: compressa, banho e combinações com outras ervas
Compressa e banho são usos externos comuns com efeito calmante e anti-inflamatório.
Para compressa: prepare a infusão, deixe esfriar, embeba um pano limpo e aplique por 10–20 minutos sobre a área afetada.
Para banho: adicione 500 ml a 1 L de infusão (preparada normalmente) à água do banho para efeito relaxante na pele e no corpo.
Combinações: marcela + hortelã para digestão, marcela + erva-doce para cólicas e marcela + alecrim para um tônico aromático. Use partes iguais e infunda por 5–10 minutos.
Eu costumo testar doses pequenas primeiro. Assim você avalia efeito e evita surpresas.
Precauções, contraindicações e interações medicamentosas
Usar plantas não é isento de riscos. Nesta seção eu explico quem deve evitar a marcela, possíveis interações e sinais que exigem atenção imediata.
Quem deve evitar: grávidas, crianças e pessoas sensíveis
Gestantes e lactantes devem evitar o chá de marcela.
Há relatos e estudos sugerindo risco de contrações uterinas e aborto espontâneo. Crianças menores de 12 anos carecem de dados seguros, portanto o consumo não é recomendado. Pessoas com histórico de alergia a Asteraceae podem ter reações cutâneas ou respiratórias; cuidado especial ao usar tópicos.
Interações com anticoagulantes e outros medicamentos
Interações medicamentosas são possíveis com anticoagulantes e sedativos.
Medicamentos citados incluem varfarina, antiepilépticos, sedativos, hipnóticos, insulina e fenobarbital. Esses fármacos podem ter efeitos amplificados, como maior risco de sangramento ou sedação excessiva. Minha recomendação: converse com seu médico antes de combinar o chá com qualquer tratamento.
Sinais de reação adversa e quando procurar ajuda médica
Reações alérgicas podem surgir como erupção, inchaço ou dificuldade para respirar.
Vertigem, dor de cabeça e sinais de sangramento exigem interrupção imediata do uso. Se houver sintomas graves — sobretudo inchaço facial, falta de ar ou sangramento vaginal em gestantes — procure atendimento médico urgente. Quando em dúvida, procure um médico e leve informações sobre o consumo recente.
Conclusão: como integrar o chá de marcela com segurança na rotina

Integre com segurança: Tome até 3 xícaras/dia, cada uma com 0,5–1,5 g de flores, por ciclos de até 15 dias com pausa de 5 dias.
Prefira a infusão: água quente sobre a erva e repouso de 10–15 minutos. Eu costumo indicar uma xícara após refeições para digestão e outra à noite para sono leve.
Gestantes e lactantes devem evitar o chá. Pessoas em tratamento com anticoagulantes, sedativos ou insulina precisam conversar com o médico antes de usar, por risco de interações medicamentosas.
Comece com doses pequenas para avaliar reação. Se notar tontura, erupção, inchaço ou sangramento, interrompa o uso e procure um médico. Prefira flores de fornecedores confiáveis e apoie o cultivo sustentável para proteger a espécie.
Key Takeaways
Resumo prático com os pontos essenciais para usar o chá de marcela com eficácia e segurança.
- Identidade da planta: Marcela (Achyrocline satureioides) é uma herbácea com flores amarelas usada tradicionalmente em chás e remédios caseiros.
- Benefício digestivo: O chá alivia gases, cólicas e má digestão graças a flavonoides que relaxam a musculatura intestinal.
- Efeito calmante: Promove relaxamento leve e melhora do sono em casos de insônia moderada; ideal como infusão noturna.
- Suporte imunológico: Compostos como quercetina têm ação antioxidante e atividade antiviral in vitro, sendo usado como complemento em resfriados.
- Preparo e dosagem: Infundir 0,5–1,5 g (1 colher de chá) por xícara, 10–15 minutos; até 3 xícaras/dia e ciclos de no máximo 15 dias com pausa de 5 dias.
- Usos práticos: Além do chá, a infusão pode ser usada em compressas, banhos e combinações com hortelã ou erva-doce para potencializar efeitos.
- Contraindicações claras: Evitar em gestantes, lactantes, crianças pequenas e pessoas alérgicas à família Asteraceae; consulte médico se fizer uso de medicamentos.
- Riscos e sinais de alerta: Interações possíveis com anticoagulantes, sedativos e insulina; interrompa o uso diante de tontura, erupção, inchaço ou sangramento e procure ajuda médica.
Integre o chá como um apoio complementar e informado: respeite dosagens, verifique interações e priorize orientação profissional e práticas sustentáveis.
FAQ – Perguntas frequentes sobre chá de marcela
Para que serve o chá de marcela?
O chá de marcela é usado principalmente para aliviar desconfortos digestivos, reduzir inflamação e promover relaxamento leve para melhorar o sono.
Como preparar corretamente o chá de marcela?
Use 1 colher de chá (0,5–1,5 g) de flores secas por xícara, despeje água fervente, tampe e infunda por 10–15 minutos antes de coar.
Qual a dosagem segura e frequência de consumo?
Em adultos, recomenda-se até 3 xícaras por dia, por ciclos de até 15 dias seguidos; faça uma pausa de pelo menos 5 dias antes de retomar.
Quem deve evitar o uso do chá de marcela?
Gestantes, lactantes, crianças pequenas e pessoas alérgicas à família Asteraceae devem evitar o chá; consulte o médico nesses casos.
O chá de marcela interage com medicamentos?
Sim. Pode interagir com anticoagulantes, sedativos, antiepilépticos e insulina; informe seu médico antes de consumir junto a esses medicamentos.
Quais são os efeitos colaterais e quando procurar ajuda?
Podem ocorrer tontura, dor de cabeça, reações alérgicas ou sangramento. Interrompa o uso e procure atendimento médico em caso de inchaço, dificuldade para respirar ou sangramento.










