A 5ª Capacitação em Meliponicultura, promovida pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) – Campus Santa Teresa, tem inspirado pessoas de diferentes áreas e formações. Desde engenheiros e estudantes até professores e produtores rurais, os participantes encontram no curso uma oportunidade de aprendizado profundo sobre o manejo sustentável das abelhas nativas sem ferrão (AISF).
Com aulas práticas no Meliponário-Escola, coordenadas pelo professor Eduardo Antonio Ferreira, o curso proporciona mais que conhecimento técnico: promove conexão ambiental, educação sustentável e a formação de multiplicadores ambientais.
Turma da 5ª Capacitação em Meliponicultura reunida no Ifes Santa Teresa, celebrando a conclusão de mais uma etapa de aprendizado e preservação ambiental
Um Legado de Ensino e Pesquisa Aplicada
Com 39 anos dedicados à educação agrícola, o professor Eduardo Antonio Ferreira tem uma trajetória marcada pela paixão e compromisso com a preservação das Abelhas Indígenas Sem Ferrão (AISF). Ele trouxe para o Ifes Santa Teresa uma abordagem inovadora ao implementar o Meliponário-Escola, construído com base em sua dissertação de mestrado: “A Oficina Pedagógica como Ferramenta Didática para o Aprendizado em Meliponicultura” (UFRRJ – 2012).
Seus estudos foram além, culminando em sua Tese de Doutorado em Produção Vegetal (UENF – 2021), onde pesquisou o uso de plantas cultivadas e não cultivadas com potencial para a meliponicultura. Sua pesquisa revelou que até mesmo espécies consideradas “plantas daninhas”, como o Picão Preto (Bidens pilosa), são fontes essenciais de forrageamento para as abelhas Jataí (Tetragonisca angustula), fundamentais para a polinização agrícola.
“Somente com mais pessoas dominando a arte do manejo com abelhas indígenas sem ferrão conseguiremos garantir boas safras de alimentos. Uma flor polinizada gera um fruto, uma vagem, uma semente… uma flor não polinizada seca, murcha e cai”, reforça o professor.
Desde sua criação, o curso capacitou cerca de 300 pessoas, incluindo produtores rurais, técnicos agrícolas, engenheiros florestais, agrônomos, biólogos, professores e alunos universitários. Empresas privadas e órgãos públicos como IDAF, INCAPER, IEMA, UFES e ARCADIS-TCC enviam profissionais para participar da capacitação, reconhecendo seu valor no mercado agrícola e ambiental.
Alunos atentos aos ensinamentos do professor Eduardo Ferreira, absorvendo conhecimentos essenciais sobre o manejo de abelhas nativas sem ferrão
Aula prática de manejo de abelhas nativas com o professor Eduardo Antonio Ferreira, orientando os alunos no Meliponário-Escola
Alunos em atividade prática, aplicando conhecimentos adquiridos durante a Capacitação em Meliponicultura no Meliponário-Escola
Depoimentos Que Inspiram
Eduardo Nejaim, engenheiro agrônomo e advogado em Direito Agrário e do Agronegócio, descreve como o curso ampliou sua visão sobre a preservação ambiental e a responsabilidade com o uso de produtos químicos na agricultura:
“Aumentou a preocupação e o senso de responsabilidade, tanto com relação ao uso de inseticidas e herbicidas nas culturas quanto na necessidade das abelhas para a polinização. A sobrevivência das abelhas está diretamente influenciada por essas condições.”
Ele também destaca o potencial econômico e educativo da meliponicultura:
“As abelhas nativas têm grande potencial de mercado para a produção de pólen, própolis e méis diferenciados, diferentes dos que geralmente encontramos no mercado, que são de abelhas Apis. Além disso, seu manejo é mais fácil, o que as torna ideais para projetos de educação ambiental.”
Eduardo Nejaim e seu filho Thales Nejaim participando juntos da Capacitação em Meliponicultura, compartilhando aprendizado e experiências no manejo de abelhas sem ferrão
Thales Nejaim, estudante do Curso Técnico em Agropecuária no Ifes, compartilha como sua experiência prática no Meliponário-Escola foi uma descoberta transformadora:
“Minha experiência com o meliponário da escola foi e está sendo incrível e muito edificante. Confesso que antes de entrar no Ifes, eu não fazia ideia da existência desses insetos maravilhosos. Foi graças ao professor Eduardo Ferreira e toda a sua dedicação ao meliponário que eu tive meu primeiro contato com a meliponicultura e, certamente, me apaixonei por ela!”
Thales vê o curso como um passo essencial para quem deseja trabalhar na área:
“A capacitação é um passo enorme para quem deseja trabalhar com as AISF. Embora o estudo seja vasto e varie de região para região, sinto que hoje entendo muito mais e estou confiante para começar minha criação. A criação de abelhas sem ferrão é uma atividade que exige dedicação, estudo e prática constante.”
Thales Nejaim colocando em prática os conhecimentos adquiridos durante as aulas, com seu caderno de anotações em mãos para registrar detalhes importantes
Márcia Vieira dos Santos, professora, meliponicultora e produtora de meliprodutos Artesanais, encontrou no curso um espaço de aprendizado e de fortalecimento do seu propósito ambiental:
“Fazer o curso com o professor Eduardo expandiu nossos conhecimentos para continuarmos nesse caminho apaixonante. Percebemos durante o curso que nosso maior desafio ainda é a busca por uma produção agrícola sustentável e a redução do uso desenfreado de agrotóxicos, que ameaçam a vida das abelhas e, consequentemente, a nossa.”
Ela também destaca a conexão profunda com a natureza que a meliponicultura proporciona:
“Adentrar no mundo das abelhas nativas é uma experiência incrível. Isso nos torna mais próximos da natureza e nos conecta com esses pequenos seres incríveis. Vamos formando colmeias de conhecimento e polinizando saberes por onde passamos.”
Márcia Vieira participando da Oficina de Produção de Lâminas de Cera de Abelha, aprendendo técnicas essenciais para a prática da meliponicultura
Lomir José da Silva, apicultor e meliponicultor especializado em polinização de café conilon, encontrou na capacitação uma chance de expandir sua expertise e aprofundar seu trabalho com as abelhas nativas:
“Há uma demanda de abelhas sem ferrão em pequenas propriedades que necessitam de polinização eficiente. As abelhas sem ferrão, em especial as Scaptotrigonas, são excelentes polinizadoras e possuem um potencial enorme para aumentar a produção agrícola.”
Para ele, o curso ofereceu mais do que conhecimento técnico: foi uma experiência completa, com aplicação direta no Meliponário-Escola:
“O professor Eduardo Antonio Ferreira tem uma didática excelente. Ele nos incentiva a colocar a mão na massa, praticando diretamente o que aprendemos na sala de aula. Ele ensina com calma, paciência e uma paixão evidente pelo que faz. Isso transmite autoridade e respeito pelo tema.”
Lomir também reforça que o curso tem um grande potencial para educação ambiental nas escolas:
“As pessoas preocupadas com o meio ambiente precisam agir e se especializar. O curso não é apenas para quem deseja trabalhar com produção agrícola ou meliponicultura, mas para formar uma cultura de preservação ambiental e multiplicar colônias de abelhas. Como eu sempre digo: ‘O saber não ocupa espaço!’ Quanto mais aprendemos, mais podemos preservar.”
Lomir da Silva e sua esposa participando juntos da Capacitação em Meliponicultura, durante a aula prática na Oficina de Produção de Lâminas de Cera de Abelha.
Lomir apresentando a colônia de abelhas sem ferrão após o manejo realizado durante a aula prática no Meliponário-Escola.
Educação e Sustentabilidade em Ação
A capacitação não apenas forma profissionais, mas desperta o interesse de escolas e instituições que podem implementar projetos educativos voltados para a preservação ambiental e a produção sustentável. Com um meliponário escolar, alunos podem explorar temas como ciências naturais, ecologia, botânica e sustentabilidade, aprendendo na prática como as abelhas são essenciais para a vida no planeta.
“Precisamos capacitar mais pessoas na meliponicultura”, afirma o professor Eduardo.
“Quanto mais escolas, comunidades e agricultores aprenderem, mais preservaremos nossas abelhas nativas.”
Com práticas ambientais, pesquisas aplicadas e uma abordagem interdisciplinar, a Capacitação em Meliponicultura no Ifes Santa Teresa, no Espírito Santo, se tornou uma referência para quem deseja atuar no campo da agricultura sustentável, educação ambiental e preservação das abelhas nativas.
Que venham mais capacitações!
Como diz o professor Eduardo Ferreira:
“Enquanto pudermos continuar esta jornada, assim faremos. Que venham as capacitações de 2025, 2026, 2027…”
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