As abelhas nativas sem ferrão (ASF) têm mostrado um impacto surpreendente na lavoura de café e na preservação ambiental. Para os cafeicultores Antoni Raasch e Wesley Marques Ragazzi, essas pequenas polinizadoras se tornaram aliadas fundamentais no cultivo, proporcionando não apenas uma colheita mais abundante, mas também um ecossistema mais equilibrado.
Resultado da polinização de abelhas nativas sem ferrão no cafezal de Antoni Raasch
Cafezal na região de Itaguaçu – propriedade da família de Antoni Raasch
A Jornada de Antoni Raasch na Meliponicultura
Antoni Raasch Koehler, cafeicultor de Itaguaçu – ES, começou sua relação com as abelhas ASF por curiosidade e paixão. Ele começou com colônias de Jataí, mas logo se encantou ao conhecer outras espécies, como a Mandaçaia e a Uruçu Amarela. “O tempo passou e, com todo o conhecimento, vi o potencial de algo maior. Notei a associação direta da meliponicultura com a agricultura”, conta Antoni.
Com a introdução dessas abelhas na lavoura, Antoni observou um aumento significativo na produção, aproximadamente 20%, devido à polinização eficaz das abelhas. “Minha produção aumentou em quantidade e qualidade. A polinização melhora os grãos, que se tornam maiores e mais resistentes ao abortamento”, ele explica. Além disso, Antoni adota práticas de manejo sustentável para proteger as abelhas durante as pulverizações, movendo as colônias para áreas de vegetação nativa e evitando defensivos na época de florada do café.
Abelha Mandaçaia quadrifasciata anthidioides (MQA) polinizando a flor do café
Antoni Raasch realizando manejo em suas abelhas nativas sem ferrão
Resultado da associação flores do café e produção de mel de abelha nativa sem ferrão Uruçu amarela
Produção de mel de abelha nativa sem ferrão de Antoni Raasch cafeicultor https://www.instagram.com/meliponicultura.koehler
Wesley Marques: Uma Tradição que Cresce com Conhecimento
Para Wesley Marques Ragazzi, cafeicultor de Pancas – ES, a paixão pelas abelhas ASF começou cedo. “Desde os 12 ou 13 anos, mexia com Jataí e Iraí, mas nunca conheci a fundo o manejo correto”, lembra. Sua fascinação aumentou ao ver Uruçu Amarelas nas flores de café e, ao encontrar vídeos no YouTube, decidiu estudar sobre meliponicultura. Em novembro de 2019, Wesley começou a armar ninhos temporários e adquiriu colônias de Uruçu para expandir seu conhecimento e experiência.
Hoje, Wesley observa as ASF em ação na lavoura, com espécies como Mandaçaia, Jataí, Iraí e Uruçu Amarela ativamente polinizando. Ele comenta que o impacto vai além do café, com frutos mais abundantes em plantas nativas, como pitanga e jabuticaba. “Quanto mais polinização, melhor. Aumenta a produção, a fecundação dos grãos e diminui o abortamento. Os grãos ficam maiores e mais resistentes”, explica.
Wesley Marques com suas abelhas Mandaçaias, suas grandes parceiras na produção do café
Abelha Iraí (Nannotrigona testaceicornis) polinizando a flor do café
Práticas Sustentáveis para Proteger as Abelhas
Wesley também toma medidas específicas para proteger as abelhas durante a aplicação de defensivos. Ele prefere produtos via solo, que não necessitam pulverização, e adota a aplicação apenas no pós-florada, quando as flores já secaram. “Quando precisa pulverizar, fecho as caixas das abelhas para não correr o risco de contaminação. Mesmo os vizinhos me avisam quando vão pulverizar, e essa colaboração ajuda a manter as abelhas seguras”, diz Wesley.
Ambos os cafeicultores destacam o papel fundamental das ASF na fecundação dos grãos e na produção de café de alta qualidade. A presença das abelhas também contribui para um ecossistema mais equilibrado, promovendo maior diversidade de espécies e maior resistência da lavoura.
ASF na Agricultura: Um Futuro Promissor para a Lavoura de Café
Os relatos de Antoni e Wesley mostram como a meliponicultura pode transformar a agricultura. As abelhas ASF não apenas melhoram a produção de café, mas também ajudam a manter a saúde das florestas e a diversidade biológica. Em regiões com mata nativa, a polinização pelas ASF se torna uma peça-chave para a sustentabilidade da lavoura e o aumento da produtividade.
Para Antoni e Wesley, a meliponicultura não é apenas uma técnica, é um caminho sustentável que une tradição, inovação e profundo respeito pelo meio ambiente. Os resultados que eles testemunham na lavoura refletem o poder das abelhas nativas sem ferrão em transformar a agricultura, beneficiando a produção e a preservação ambiental ao mesmo tempo.
Resultado da polinização na propriedade de Antoni Raasch que contou com as abelhas nativas sem ferrão para o sucesso em sua produção de café
@meliponicultura.koehler