Própolis de Abelhas Nativas Sem Ferrão: Saúde, Sustentabilidade e Um Mercado Promissor

A própolis, reconhecida há séculos por suas propriedades terapêuticas, é um verdadeiro tesouro produzido pelas abelhas. Quando falamos da própolis de abelhas nativas sem ferrão (ANSF), o potencial se amplia, unindo características únicas, sustentabilidade e alto valor agregado. Esse produto natural não só protege a colônia, mas também oferece benefícios à saúde humana e oportunidades para o mercado de meliprodutos.

Curso sobre Extrato de Própolis ministrados por Wilton Montebeller e André Luiz Litzinger

O Que é Própolis e Por Que é Tão Especial?

A própolis é uma substância resinosa produzida pelas abelhas ao coletar resinas vegetais, misturando-as com cerume, enzimas e saliva. Esse material desempenha funções vitais na colônia, como:

Selagem de frestas e rachaduras, garantindo isolamento térmico.
Proteção contra patógenos, como bactérias, fungos e vírus.
Embalsamamento de invasores mortos, evitando a decomposição e protegendo a colônia.

Caixa de Mandaguari preta com acetato e sem tampa para entrar luminosidade e induzir a produção de própolis

Sua composição bioativa inclui:

Flavonoides e ácidos fenólicos, com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Terpenos, conhecidos por sua ação antimicrobiana.
Vitaminas (B1, B2, B6, C e E) e minerais como cálcio, magnésio e potássio.

De acordo com a Jardim de Mel Meliponicultura, a própolis de ANSF apresenta ainda características sensoriais únicas, influenciadas pela flora local e pelas espécies de abelhas, como as Scaptotrigonas, Borás, Jataís, Mirins e também das Meliponas que por sua vez produzem a geoprópolis (terra + própolis).

Benefícios da Própolis para a Saúde

A própolis de ANSF poderá ser amplamente utilizada por suas propriedades terapêuticas e nutricionais. Alguns de seus benefícios incluem:

Estímulo ao sistema imunológico, fortalecendo o corpo contra infecções.
Atividade antimicrobiana, combatendo bactérias, fungos e vírus.
Propriedades cicatrizantes, auxiliando na recuperação de feridas leves.
Riqueza nutricional, com vitaminas e minerais essenciais.

Recomendações de Uso:

Extrato alcoólico: De 3 a 10 gotas diluídas em água ou mel para adultos. Para crianças, doses menores (3 gotas).
Uso tópico: Aplicação direta em feridas leves durante o processo de cicatrização.Produção de própolis da Jardim de Mel Meliponicultura

Segundo Thaiz Romão, “as abelhas nativas produzem própolis com características únicas, variando de acordo com a flora local e a espécie, o que agrega valor e diversidade ao produto.”

Hércules Birchler complementa:

“A própolis de ASF tem propriedades antioxidantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias, além de estimular o sistema imunológico e auxiliar na cicatrização de feridas.”

Como a Própolis É Produzida?

A produção de própolis começa logo que as abelhas se instalam na colônia. Em condições ideais, em 20 a 30 dias já é possível realizar a primeira coleta.

Técnicas de Manejo:

Uso de acetato transparente no topo da colônia ou antes da tampa: Estimula a produção em espécies como Scaptotrigonas, Jataís , Mirins e Borás.
Coletas manuais quinzenais: Retirada das franjas dos batumes, especialmente em colônia de Mandaçaia.
Limpeza e separação de impurezas: Retirar pedaços de cera, madeira ou outros materiais misturados à própolis.

Produção de própolis de caixa de Abelha Nativa sem Ferrão

Processamento e Armazenamento:

Secagem em ambiente controlado: Evita a degradação de compostos voláteis.
Armazenamento em recipientes escuros e vedados: Protege contra oxidação e umidade, aumentando o tempo de prateleira.

A composição da própolis varia conforme a flora disponível e a espécie de abelha, como exemplo as abelhas africanizadas, temos resultados em tipos distintos, como:

Própolis Verde: Obtida de Baccharis dracunculifolia (alecrim-do-campo), rica em artepelina C, com propriedades antioxidantes e antimicrobianas.
Própolis Vermelha: Associada ao Dalbergia ecastaphyllum, típica de áreas costeiras, com compostos como isoflavonas.
Própolis Marrom: Ampla distribuição, com composição variada conforme a flora local.

No caso das abelhas nativas, algumas espécies (Meliponas) produzem geoprópolis, uma mistura de resinas, terra e cerume, que agrega características únicas ao produto, como é o exemplo das diversas espécies de uruçus, mandaçaias, guaraipos e manduris.

Desafios na Produção e Comercialização

Apesar do alto valor agregado, a produção de própolis de ANSF enfrenta desafios, como destaca Wilton Montebeller, meliponicultor experiente:

“Ainda faltam estudos e análises laboratoriais que comprovem as propriedades específicas do própolis de ANSF. Com mais evidências científicas, o produto seria muito mais requisitado pela grande massa.”

Wilton também enfatiza o potencial de mercado:

“Com o crescimento da meliponicultura, a busca por meliprodutos, como a própolis, tem aumentado. Ela é comercializada com margens 10% a 20% superiores ao própolis convencional.”

Além disso, ele também utiliza técnicas como o acetato transparente na colônia para estimular a produção e realiza coletas a cada 10 a 15 dias, dependendo da espécie e das condições ambientais.

Produção de própolis de caixa de Abelha Nativa sem Ferrão em Regência, no município de Linhares, ES, por Wilton Montebeller

Produção de própolis de abelhas nativas sem ferrão Tubuna e Borá

Educação e Sustentabilidade: O Papel da Própolis no Meio Ambiente

Além de seu valor comercial, a própolis é uma ferramenta poderosa para promover a educação ambiental. Como destacam Thaiz Romão e Hércules Birchler:

“A produção de própolis conecta as pessoas ao mundo natural, promovendo a preservação das abelhas nativas e de seus ecossistemas.”

Essa conscientização é crucial para fortalecer a relação entre a meliponicultura, a sustentabilidade e a conservação ambiental.

O Futuro da Própolis de Abelhas Nativas Sem Ferrão

Com o aumento da demanda por produtos naturais e sustentáveis, a própolis de ANSF tem um futuro promissor. Contudo, investimentos em pesquisa científica e inovação tecnológica são essenciais para ampliar sua aceitação e reconhecimento no mercado global.

Como conclui Wilton Montebeller:

“A produção de própolis não é apenas uma prática sustentável, mas também uma oportunidade econômica e ambiental. Com mais estudos e suporte técnico, esse mercado pode crescer ainda mais.”